O Arco de Constantino localiza-se ao lado do Coliseu, que proporciona uma de suas melhores vistas, entre o Palatino e o Célio, na antiga rota triunfal. O arco foi dedicado pelo Senado em homenagem à vitória de Constantino sobre Maxêncio na Batalha de Ponte Mílvia, em 312, e inaugurado em 315. No momento de sua construção, Constantino ainda não havia declarado a liberdade de culto no império, que ocorreria em 313, com o Edito de Milão, beneficiando especialmente os cristãos. Apesar da tradição hagiográfica da aparição da Cruz ter ocorrido durante a Batalha da Ponte Mílvia, não se encontram representações cristãs em seu arco. O Concílio de Nicéia, que oficializa a aproximação do imperador ao catolicismo, ocorrerá em 325.
Arco de Constantino, Roma. Fachada norte. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Os relevos do arco apresentam cenas de sacrifício a vários deuses pagãos e bustos de deuses, outrora retirados de outros monumentos e reassentados no novo arco dedicado ao imperador. Entre os relevos recolocados estão peças de um monumento do tempo de Marco Aurélio, e existe a hipótese de que sua estrutura foi iniciada ainda nos tempos de Adriano e depois reformada na era de Constantino, inserindo frisos da época de Trajano nas paredes internas da passagem central, bem como a execução de relevos na era constantiniana. Conforme a tradição iconográfica, assim como no Arco de Sétimo Severo, um lado do arco apresenta o tema da paz, enquanto o outro apresenta o tema da guerra.
Arco de Constantino, fachada sul. Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Assim como o Arco de Sétimo Severo, o Arco de Constantino possui três arcos, um maior ladeado de dois menores, porém não se comunicam entre si sob as abóbadas. Da mesma forma, possui colunas independentes apoiadas em altos pedestais, bem como a repetição de alegorias, como as Vitórias aladas nos tímpanos dos arcos centrais. Foram inseridas as cornijas salientes acima das colunas na era constantiniana. As esculturas de corpo inteiro, em pedestais sobre as colunas, datam da época de Trajano. Os relevos, reutilizados de outros monumentos de outros imperadores, recordam as figuras dos “bons imperadores” do segundo século – Trajano, Adriano e Marco Aurélio – assimilados à figura de Constantino para fins de propaganda política.
Arco de Constantino, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Rome Reborn, projeto de Bernie Frischer
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
Os textos e as imagens (fotografias, obras de arte e ilustrações) do autor estão protegidas pelas leis de direitos autorais – Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste website poderá ser reproduzida ou transmitida para fins comerciais, sem prévia autorização por escrito do detentor dos direitos. Ao citar este website em demais pesquisas acadêmicas, gentileza observar as instruções acima “Como citar artigos deste website – Exemplo”. Para maiores informações, envie e-mail para: historiaartearquitetura@outlook.com, ou acesse CONTATO.
Por Marcelo Albuquerque
Os aquedutos são construções emblemáticas e símbolo do poderio romano. Na sua construção eram utilizados o concreto (opus caementicium) e a alvenaria de tijolos e pedras, aliados à tecnologia dos arcos. Eles são, em essência, canais artificiais de condução de água para níveis mais baixos que as fontes naturais, aproveitando-se a gravidade. Porém, apesar de sua função essencialmente prática na condução vital da água, os aquedutos também são belos quando atravessam os grandes vales com suas imponentes arcadas, marcando a paisagem e deixando a indiscutível presença romana através dos tempos. Goethe comenta em sua passagem em 1789 por Terni a caminho de Roma:
“Subi no Spoleto e estive no aqueduto que é, ao mesmo tempo, a ponte que conduz de uma montanha a outra. Os dez arcos a vencer o vale erguem-se há séculos com seus tijolos, e a água segue sendo levada para toda a parte. Essa é, pois, a terceira obra da Antiguidade que vejo pessoalmente, e a grandiosidade é sempre a mesma. Sua arquitetura é uma segunda natureza, atuando em consonância com os interesses dos cidadãos – assim é com o anfiteatro, o templo e o aqueduto (GOETHE, Viagem à Itália, p. 142).”
Ponte delle Torri, Spoleto, Italia: construção de origem romana, porém modificada na Idade Média e restaurada nos períodos modernos. Fonte: Wikipedia (domínio público).
As fontes podiam captar água das nascentes ou estarem em represas, sendo recolhidas em pontos ligados a pequenos túneis. A água não poderia correr em ângulo muito íngreme, pois danificaria o canal ao longo do tempo devido ao atrito. Grande parte dos aquedutos seguiam perto da superfície, acompanhando os contornos do terreno. Se encontrava um monte, era escavado um túnel cortando o seu interior. Se atingisse um vale, uma ponte arcada seria construída, geralmente. Ao chegar nos arredores da cidade, a água enchia um grande tanque de distribuição chamado de castellum. A partir dali a água podia correr e se ramificar em outro castellum secundário. Estes se ramificaram novamente, muitas vezes em tubos e canais de alvenaria, fornecendo água sob pressão para fontes, casas particulares e banhos.
Ilustração representando a condução de águas a partir da fonte até a cidade. Adaptado por Marcelo Albuquerque, 2017.
O Acqua Appia foi o primeiro aqueduto romano, construído em 312 a.C. por Ápio Cláudio, o mesmo censor responsável pela construção da Via Ápia. Fluía por 16,4 km, entrando em Roma pelo oriente e desembocando no Fórum Boário. O Acqua Claudia começou a ser construído por Calígula (37-41) e terminou no governo de Cláudio (41–54), seu sucessor. A construção foi do ano 38 a 52. Entre as fontes principais, estava o Subiaco, a 70 km de Roma.
Arcada e ruínas do Arco de Druso, parte do aqueduto Antoniniano, junto à Porta Latina, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Em Roma, certamente a melhor oportunidade para se conhecer seguramente os aquedutos da Antiguidade é visitar o Parque dos Aquedutos, localizado na região leste da cidade, perto da estação de metrô Cinecittà. Ele integra o parque regional da Via Appia, e seu nome deriva da presença dos aquedutos elevados e subterrâneos, romanos e papais, que abasteciam a Roma antiga. São eles: Anio Vetus (subterrâneo), Claudio e Anio Novus (sobrepostos), Marcia, Tepula, Iulia e Felice (sobrepostas). O parque é usado como cenário para várias produções cinematográficas, como A Grande Beleza, La dolce vita , Mamma Roma e a série Roma da HBO, entre outras.
Aqueduto Claudio. Parque dos Aquedutos, Roma. Fotos: Marcelo Albuquerque, 2019.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
Os textos e as imagens (fotografias, obras de arte e ilustrações) do autor estão protegidas pelas leis de direitos autorais – Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste website poderá ser reproduzida ou transmitida para fins comerciais, sem prévia autorização por escrito do detentor dos direitos. Ao citar este website em demais pesquisas acadêmicas, gentileza observar as instruções acima “Como citar artigos deste website – Exemplo”. Para maiores informações, envie e-mail para: historiaartearquitetura@outlook.com, ou acesse CONTATO.
Por Marcelo Albuquerque
Dentre as maiores contribuições da arquitetura, engenharia e estética romana estão o aperfeiçoamento e a utilização dos arcos em larga escala, sendo uma das formas mais influentes na civilização ocidental. Os arcos são, primeiramente, belos e simples; e a multiplicação de suas formas possibilitou rearranjos estéticos sem precedentes na arquitetura, como vemos nas abóbadas, cilindros e cúpulas. Além disso, os arcos permitem uma melhor distribuição do peso e maiores vãos, comparados ao sistema de pilares/colunas e arquitraves gregas. O arco romano funciona através de um sistema de distribuição de cargas que convergem das aduelas para os pilares, travado pela colocação final de uma pedra-chave no meio do vão. Os arcos reduzem os custos de construção por permitirem maiores vãos e menos materiais, além de serem facilmente replicados através das formas de madeira. Sobre a imposta, uma pequena extremidade em balanço, era colocada a forma de madeira que permitia o assentamento das aduelas e da chave do arco.
O arco romano, associado ao concreto pozolana (opus caementicium), foi um dos principais elementos arquitetônicos e de engenharia que contribuíram para o desenvolvimento das edificações e sua monumentalidade. Os arcos e as abóbadas poderiam ser também moldados em concreto e revestidos com alvenaria de tijolos.
Fórum de César no Fórum Romano, onde vê-se as ruínas de arcadas de concreto e alvenaria. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Fórum de César no Fórum Romano, onde vê-se as ruínas de arcadas em concreto. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
Giuseppe Fiorelli, quando assume o comando das escavações em 1863, em Pompeia, encontra espaços vazios nas camadas de cinzas que continham restos humanos. Ele percebeu que estes espaços foram deixados pelos corpos em decomposição e por isso desenvolveu a técnica de injeção de gesso para refazer as formas das vítimas. Algumas possuem uma expressão de terror claramente visível. Atualmente, esta técnica está em uso, porém o gesso foi substituído por uma resina especial que permite uma melhor conservação e estudo dos corpos. A resina, por ser mais durável e não destruir os ossos, permite análises mais aprofundadas. Fiorelli estabeleceu um método de escavação que partia de cima para baixo, visando a reconstituição futura das construções.
Moldes e corpos de vítimas em exposição no anfiteatro de Pompeia. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Moldes e corpos de vítimas em exposição no anfiteatro de Pompeia. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Moldes e corpos de vítimas em exposição no anfiteatro de Pompeia. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
Estudar a cidade de Pompeia é uma das melhores oportunidades de voltar ao passado e conhecer de perto as tecnologias de construção e os interiores das casas dos ricos romanos. O conhecimento geral da cidade proporciona um panorama de análise sobre todo o mundo romano, não só de como era uma típica cidade romana em si, indo além, pois fornece conhecimentos sobre detalhes mínimos da arquitetura, planejamento urbano, mobiliário e costumes dos cidadãos de Roma. A cidade foi uma espécie de balneário muito valorizado e frequentada por ricos e famosos.
Pompéia está situada ao sul de Nápoles, na região da Campânia italiana. A cidade, junto à sua vizinha Herculano, no ano 79 de nossa era, foi destruída e soterrada por cinzas vulcânicas e pedras-pomes durante a grande erupção do Monte Vesúvio. Sua população era estimada em cerca 11.000 pessoas, porém sabe-se que a maior parte conseguiu escapar a tempo do desastre. Os que morreram no local foram enterrados sob toneladas de cinza vulcânica.
A destruição foi narrada na carta de Plínio, o Jovem, que viu a erupção a uma distância segura e descreveu a morte de seu tio Plínio, o Velho, célebre historiador e almirante da frota romana, que morreu intoxicado durante o resgate de cidadãos. O Monte Somma e o Vesúvio faziam parte da mesma montanha, que se dividiu na erupção de 79. Sua altura chegava a 2.000 m. O mar afastou-se da costa aumentando a distância entre Pompeia e o litoral.
Depois que as grossas camadas de cinzas cobriram Pompéia, ela foi abandonada e esquecida. Em 1599, os primeiros vestígios foram encontrados, quando um canal subterrâneo foi escavado para desviar as aguas do rio Sarno, revelando paredes cobertas com pinturas e inscrições. O arquiteto Domenico Fontana foi chamado, e este revelou mais alguns afrescos, mas, em seguida, cobriu-os de novo, pois o conteúdo sexual frequente de tais pinturas poderia comprometer a integridade das mesmas devido aos moralismos e contextos da época. Em 1738 iniciaram-se as escavações de Herculano, e dez anos depois em Pompeia. Atualmente, é Património Mundial da UNESCO. A beleza da cidade escavada está na possibilidade de estudar um instantâneo da vida romana no século I, congelado no tempo em que foi soterrada, no dia 24 de agosto. A cidade de Pompeia segue a tradição de planta romana com seu cardus e decumanus bem definidos, convergindo no seu belo e monumental fórum. Tinha um sistema complexo de águas, anfiteatro, teatros, ginásio, termas e muralhas com sete portas ao longo de seu perímetro.
Os afrescos fornecem informações valiosas para a historiografia da arte do mundo antigo, através dos quatro estilos de pinturas romanas. Muitas pinturas possuem teor erótico, incluindo o uso frequente do falo dedicado ao deus Príapo, inclusive nas esculturas e estuques nas paredes, enquanto outras representam cenas dramáticas e mitológicas.
Casa do Poeta Trágico: cena de Teseu e Ariadne no triclínio decorado com painéis amarelos no quarto estilo, com arquiteturas fantásticas. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
O sítio arqueológico de Pompeia está sob constante ameaça devido à deterioração causada pela exposição aos elementos naturais, aos milhões dos visitantes a cada ano e aos danos potenciais das atividades sísmicas e vulcânicas. Recentemente foi divulgado nos grandes jornais brasileiros alguns desmoronamentos e problemas na conservação e administração na cidade de Pompeia[1]. Diversas autoridades ficaram em alerta, não só pelas péssimas condições de conservação, mas também por denúncias de corrupção. Há poucos anos, desmoronamentos na cidade de Pompeia deixaram em alerta diversas autoridades no assunto por causa desses motivos. Segundo a imprensa, os fundos estavam sendo desviados pela máfia, junto à má gestão e saques de pedaços de afrescos e outros elementos históricos. A situação tornou-se mais preocupante após o desmoronamento da Casa dos Gladiadores, em 2010. Segundo o Estadão, a Associação Nacional dos Arqueólogos da Itália expressou “pesar e raiva” sobre o mais recente desmoronamento e criticou o governo por não nomear alguém para liderar a restauração. Parte do muro de um jardim que cercava uma antiga casa, nos arredores da Casa do Moralista e perto da Casa dos Gladiadores, cedeu em diversos pontos, devido à umidade extrema do solo e negligência. A Casa do Moralista constitui-se de lares de duas famílias da cidade antiga, fechadas à visitação aos turistas.
Rua de Pompeia, próxima à Casa do Fauno, com o monte Vesúvio ao fundo. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
“Não me cansei de admirar-lhe a fachada, a maneira genial e coerente com que o artista a tratou. A ordem é coríntia, e o intercolúnio, pouco superior a dois módulos. As bases das colunas e os plintos sob elas parecem erguer-se sobre pedestais, mais isso é apenas aparência, pois o estilóbata é atravessado por cinco degraus, que, por entre as colunas, sobem rumo à superfície sobre a qual estas verdadeiramente se assentam e de onde se tem, de fato, acesso ao interior do templo. A ousadia de se recortar o estilóbata revelou-se aqui a solução correta; considerando-se que o templo situa-se na encosta da montanha, a escada que sobe até ele teria, do contrário, que principiar muito antes, o que teria estreitado a praça. Impossível determinar quantos degraus havia originalmente à exceção de uns poucos, eles estão todos enterrados e cobertos pelo pavimento (GOETHE, Viagem à Itália, p. 138).”
Na citação acima, do belíssimo livro de Goethe, Viagem à Itália, o pensador alemão se refere à igreja de Santa Maria sobre Minerva, em Assis. Ele descreve com emoção seu encontro com o edifício apresentando alguns elementos importantes que precisamos compreender para analisarmos as obras clássicas da arquitetura.
Segundo Summerson[1], um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo clássico, e que o objetivo dessa arquitetura sempre foi alcançar uma harmonia inteligível entre as partes. Essa harmonia inteligível possui variações dominantes denominadas “ordens”. Da mesma forma que a música, a harmonia é alcançada pela proporção de todas as partes de um edifício, cujas funções aritméticas estejam relacionadas entre si. Para o renascentista, a harmonia era alcançada pelo uso de uma ou mais ordens como componentes dominantes. Muitos arquitetos modernos, recorda Summerson, como Auguste Perret, um dos grandes introdutores do concreto armado aparente na arquitetura, são clássicos, pois concebem de acordo com o espirito clássico com materiais contemporâneos[2]. Uma ordem consiste na unidade “coluna-superestrutura” de um templo clássico, centrada nas colunas, entablamentos e cornijas. As ordens se constituem basicamente de um sistema arquitravado (pilar e viga). Um dos maiores legados arquitetônicos dos romanos foi combinar as ordens com os arcos. Segundo Summerson:
As ordens passaram a ser consideradas a pedra de toque da arquitetura, os instrumentos de maior sutileza possível, corporificando toda a sabedoria acumulada pela humanidade na Antiguidade no que diz respeito à arte de construir – quase que produtos da própria natureza (SUMMERSON, 2009, p. 8).
Igreja de Santa Maria sobre Minerva (Assis). Fonte: Wikipedia (domínio público).
A mais antiga descrição de uma ordem encontra-se em Vitrúvio. Vitrúvio, segundo M. Justino Maciel e Renato Brolezzi[3], tornou-se interlocutor obrigatório da tratadística arquitetônica, tanto para arquitetos quanto para pintores, escultores e músicos. Seu tratado foi o único da Antiguidade que sobreviveu, tornando-se a autoridade maior no assunto. Dos gregos não chegou nada até nós, cabendo a Vitrúvio a transmissão dos conhecimentos e práticas dos helênicos, por escrito, a partir do mundo romano. Sua obra influenciou personalidades e tratados renascentistas, maneiristas e barrocos, assim como os neoclássicos dos séculos XVIII e XIX. Alberti acrescentou a quinta ordem, a compósita, às quatro ordens descritas por Vitrúvio (dórica, jônica, coríntia e toscana). Os tratadistas italianos mais importantes foram Sebastiano Serlio (1537), Vignola (1662), Andrea Palladio (1570) e Scamozzi (1615), que contribuíram para a autoridade simbólica e canônica das cinco ordens clássicas. De acordo com Summerson, o grande feito da Renascença não foi a imitação estrita dos edifícios antigos, como seria feito no período neoclássico, mas sim o restabelecimento da gramática da Antiguidade como disciplina universal[4]. No Renascimento do século XV, Leon Battista Alberti descreveu as ordens, a partir de Vitrúvio, com base nas suas próprias observações das ruínas.
Vitrúvio foi um engenheiro militar que participou das campanhas de César, e após seu tempo de serviço, ofereceu o tratado de arquitetura para o primeiro imperador, Augusto, por volta de 35 a 20 a.C. Constitui-se no primeiro tratado conhecido sobre arquitetura, urbanismo, decoração e engenharia, com comentários filosóficos, éticos e morais acerca do universo arquitetônico. Sendo assim, torna-se obrigatório a leitura desse clássico na formação do estudante de arte e de arquitetura.
Sebastian Le Clerc: Vitrúvio apresentando De Architectura para Augusto, 1684. Xilogravura. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitr%C3%BAvio. Acesso em: 04 nov. 2016.
Os antigos talvez achassem que um edifício não poderia ser significativo se não houvesse nenhuma ordem. Também é possível que, ao empregarem as ordens, não como mera decoração, elas seriam instrumentos de controle de novos tipos de estruturas e renovação da linguagem. Apesar de serem estruturalmente inúteis, elas garantem a elegância e controlam a composição tornando os edifícios expressivos e imponentes. Sendo assim, foram combinados os elementos da arquitetura religiosa com a arquitetura secular como forma de transferir todo o prestígio e importância.
É uma prioridade no estudo da história da arte e arquitetura a aquisição de bons dicionários de estilos arquitetônicos, bem ilustrados, para que se estude as ordens, as tipologias, os elementos estruturais e os elementos ornamentais clássicos. Cada ordem clássica possui suas particularidades próprias, e um bom dicionário nos ajuda a reconhecer e nomear seus elementos específicos. Nossas cidades estão repletas desses elementos, a exemplo da arquitetura eclética de fins do século XIX e início do XX.
Sobreposição de ordens no Coliseu: (1) dórica, (2) jônica, (3) coríntia, (4) pilar compósito (indeterminado). Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
As três ordens gregas fundamentais, para toda a arte e arquitetura subsequente, se baseiam nas ordens dórica, jônica e coríntia. Uma ordem, de forma geral, constitui-se de regras de proporção, elementos e ornamentos padronizados, podendo haver algumas variações esporadicamente. Os romanos acrescentaram duas ordens clássicas às três ordens gregas (dórica, jônica e coríntia): a Toscana e a Compósita. O Coliseu de Roma é um exemplo clássico das sobreposições de ordens que influenciará os tratadistas do futuro, a partir do Renascimento. Como aponta Summerson, é o edifício que exprime, por excelência, o tema dos arcos e ordens combinados, modelo para vários edifícios do Renascimento em diante.
Sobreposição de ordens no Palazzo Pitti, em Florença, e presença de rusticações. Século XV. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
As ordens são relacionadas ao masculino e ao feminino. Vitrúvio relaciona o dórico ao masculino e o jônico ao feminino. As recomendações do tratadista Serlio são específicas em relação ao uso das ordens[5]. Segundo Serlio, a ordem dórica deve ser usada para as igrejas dos santos mais combativos, como São Pedro e São Jorge. A jônica para santos pacíficos e homens de saber. A ordem coríntia seria para as santas virgens e para a própria Virgem Maria. A ordem toscana seria mais adequada para fortificações e prisões. Sobre a ordem compósita, Serlio não tece comentários especiais. Fora das ordens greco-romanas, outras foram desenvolvidas, como a extravagante ordem francesa de Philibert de l’Orme, por volta de 1567, composta por blocos e tambores separados e ornamentação eclética.
Sob a coluna, temos o embasamento, ou plataforma, que na Grécia era formada do estilóbato, em contato com a base da coluna, e o estereóbato, em contato com o chão, em Roma, pelo podium elevado, tradicionalmente. Os capitéis se unem ao entablamento pelo ábaco, que aparenta ser uma peça separada, mas que era geralmente esculpida na mesma peça do capitel. Já o entablamento compreende a arquitrave, o friso e a cornija, e este também sofre modificações de acordo com a sua ordem.
Segundo Vitrúvio, a provável origem das formas e das ordens derivam da carpintaria, em um tempo em que os templos eram feitos de madeira. Os artificies, no período arcaico grego, passaram a imitar em pedra e mármore os elementos arquitetônicos e estruturais. Os triglifos foram criados a partir da ordenação das vigas, assim como os mútulos sob as cornijas surgem a partir das saliências das asnas, como pingadeiras. Os dentículos da ordem jônica são as extremidades estilizadas em pedra das ripas de madeira dos telhados ancestrais.
Summerson[6] chama a atenção de uma regra rígida para diferentes alternativas no uso das ordens desenvolvidas no período romano. Quando se altera o grau de relevo de uma ordem, como por exemplo, de pilastras para meias-colunas, de meias-colunas para colunas de três quartos e colunas de três quartos para colunas livres, o entablamento deve sofrer a mesma modificação, de forma a se projetar mais. Não se pode variar o relevo das colunas sem se alterar o relevo do entablamento.
O espaço entre as colunas, chamado de intercolúnio, foi especificado pelos romanos através de cinco tipos distintos, descritos por Vitrúvio, medidos em diâmetros de colunas. Vejamos:
Picnóstilo: o espaçamento mais fechado, corresponde a 1½ de diâmetro.
Sistilo: o espaçamento que corresponde a 2 diâmetros.
Êustilo: o espaçamento que corresponde a 2 ¼ diâmetros.
Diástilo: o espaçamento que corresponde a 3 diâmetros.
Araeóstilo: o espaçamento mais largo, corresponde a 4 diâmetros.
Os espaçamentos são importantes pois ditam os ritmos harmônicos dos edifícios, transmitindo ideias de marchas lentas ou rápidas, podendo conferir estabilidade, movimento, elegância e dignidade às fachadas, como uma pauta musical[7]. Existem também as variações dos intercolúnios, que podem ser colunas aos pares, pares espaçados de colunas, colunas dispostas no ritmo estreito-largo-estreito e os citados ritmos de pilastras para meias-colunas, de meias-colunas para colunas de três quartos e colunas de três quartos para colunas livres, como se vê na fachada da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Fachada da Basílica de São Pedro, Vaticano. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
Denomina-se fórum o centro administrativo das cidades romanas, grandes ou pequenas, que possuíam em sua extensão os principais edifícios públicos administrativos, religiosos, comerciais e sociais. Na cidade planejada romana, as principais vias, chamadas de cardus maximus e decumanus maximus, se cruzavam nos fóruns, geralmente. Como Roma não foi uma cidade planejada e fundada em um único momento, ela não possui o cardus maximus e decumanus maximus em seu fórum principal[1]. Remetem às ágoras e acrópoles gregas, diante de suas funções, e antecedem as piazzas da Itália medieval (Siena, Florença, etc.).
Fórum Romano. A partir da pintura O Martírio de Santa Inês, de Joseph Désiré Court, 1864. Óleo sobre tela, 498 x 812 cm. Marcelo Albuquerque, 2017.
O Fórum Romano, coração da república e do império, era formado pela junção de outros fóruns que eram acrescentados pelos sucessivos imperadores. Os principais fóruns de Roma eram o Fórum Romano Republicano, Fórum de Júlio, Fórum de Augusto, Fórum de Nerva e o Fórum de Trajano. Recebiam desfiles triunfais e eram cenário de festas religiosas, profecias e discursos políticos e judiciais. Historicamente, era o ponto de encontro da comitia curiata, grupo composto pelos homens adultos de Roma, que se reuniam e formavam uma assembleia onde as diferentes divisões eleitorais republicanas votavam. Atrás fica o Senado e a Cúria.
Fórum Romano. Fonte: Google Earth, 2017.
O desenvolvimento da cidade de Roma é marcado por grandes obras de engenharia. A Cloaca Maxima antecipou os esgotos modernos, promovendo a evacuação nas ruas e drenagem dos pântanos entre as colinas de Roma, local do Fórum Romano. Templos da deusa da febre, em Roma, indicavam a gravidade das doenças contagiosas. Essa grande obra data dos tempos do rei Tarquínio Prisco, que também foi responsável pelo início da edificação do templo de Jupiter Optimus Maximus, no Capitolino, e do Circus Maximus, no vale entre o Palatino e o Aventino.
Fórum Romano ao cair da noite. Destaque para o pórtico iluminado do Templo de Saturno, no primeiro plano. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Fórum Romano. Destaque para o pórtico do Templo de Castor e Polux, no primeiro plano, as fundações do Palatino à direita, e o Arco de Tito, à esquerda. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
As basílicas compõem as principais estruturas dos fóruns. Funcionavam como tribunais de justiça, bibliotecas e locais de reuniões do Estado. Será, futuramente, a estrutura adotada pelo catolicismo como local do culto cristão. Mais adiante veremos com maiores detalhes as basílicas romanas e sua persistência na arquitetura, da Idade Média aos dias de hoje.
Fórum Romano. Fundações da Basílica Julia. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
O Palatino, desde aproximadamente 1000 a.C., já apresenta sinais de ocupação humana. Devido à elevação sobre a colina, sua posição era estratégica para a defesa do curso do rio Tibre. Ao seu redor estavam pântanos que seriam drenados no futuro. Na colina do Palatino, onde nasce a cidade de Roma, existem ruínas de três cabanas do século VIII a.C., escavadas na rocha de tufo, uma pedra vulcânica típica da região. Segundo a tradição, pertenceram à Rômulo. Foram encontradas em meados do século XX, próximo à Casa de Lívia, constituindo um dos melhores achados arqueológicos dos primeiros assentamentos de Roma, na Idade do Ferro, entre o século X até o século VII a.C.). Nas ruínas é possível ver as plataformas de pedra escavada, os canais para o escoamento das águas pluviais e os buracos escavados para abrigar as colunas de madeira que formavam a estrutura de habitação. Essas habitações fazem parte da Roma Quadrada, que compreendia a primeira cidade de Roma propriamente, com os limites definidos pelo próprio Rômulo. O Palatino tem uma forma levemente trapezoidal, razão pela qual foi chamado “quadrada”. A Roma Quadrada ocupa a área do Palatino, que oferece uma área propícia à defesa com flancos de pedras íngremes. A parte superior é relativamente plana e agradável, ideal para as áreas residenciais.
Ruínas das Cabanas de Rômulo, na colina do Palatino. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Palatino e os limites aproximados da Roma Quadrada. Na imagem podemos ver o Coliseu à direita, o Circus Maximus ao sul, o Fórum Romano ao norte, o Capitólio e a Piazza del Campidoglio a noroeste e o Fórum Boário a sudoeste. Fonte: Google Earth. Acesso em: 12 set. 2016.
O Palatino e a Roma Quadrada, no século VIII a.C., segundo ilustração do Museu do Palatino, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Maquete de antigas estruturas das Cabanas de Germalo, do Museu do Palatino, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Urnas funerárias votivas de influência latina, conhecidas como hut urn, imitando cabanas primitivas. A hut-urn é um modelo oval ou quadrado de uma cabana com telhado e portas de acesso. A cremação era praticada ao longo do enterro desde a Idade do Ferro. Museu Nacional Romano, nas Termas de Diocleciano, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Vista do Palatino e suas estruturas de alvenaria e concreto, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Vista do Palatino para o Circus Maximus, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Vista do Palatino para o Fórum Romano, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.
As origens míticas de Roma são narradas, especialmente, pelo historiador romano Tito Lívio e pelo poeta Virgílio, e constituem uma base fundamental para compreendermos as temáticas artísticas dos romanos até os tempos atuais, principalmente quando se trata dos períodos renascentista, barroco e neoclássico. Segundo a Eneida, de Virgílio, o surgimento da civilização romana está relacionado com o império e a ascendência divina de Augusto, justificando sua divindade e vocação para o poder e à conquista, ligando a cidade de Roma à mítica e sagrada Tróia.
De acordo com a origem mítica, Roma está ligada à Ilíada de Homero e à destruição de Troia pelos gregos. Eneias, um dos heróis troianos, genro do rei Príamo de Troia, filho de Anquises com a deusa Vênus, fugiu para a Península Itálica, levando seu pai e seu filho Ascânio, ainda pequeno, além de um grupo de cidadãos troianos, sem antes percorrer sinuosos caminhos semelhantes à Odisseia de Homero. É recebido pelo rei Latino, descendente do deus Saturno, e se casa com Lavínia, sua filha. Funda a cidade de Lavínio e chama seu povo de latinos. Ascânio funda sua própria cidade, Alba Longa.
Gian Lorenzo Bernini: Eneias fugindo de Troia salvando seu pai Anquise e seu filho Ascânio. Mármore. 1618-1620. Galeria Borghese, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
400 anos depois, o herdeiro legítimo Numitor é deposto pelo seu irmão mais novo, Amúlio. Amúlio prende Numitor e mata seus filhos homens, e obriga a princesa Reia Silvia a se tornar sacerdotisa vestal, ou seja, é obrigada a fazer votos de castidade. Porém, esta engravida de Marte e gera Rômulo e Remo. Amúlio joga os dois meninos no rio Tibre em um cesto, que atola em uma das margens entre as colinas do Palatino e o do Capitolino, região conhecida como Velabro (local próximo ao Fórum Boário). Uma loba os encontra e os amamenta, sendo protegidos por um pica-pau e por Marte, na Gruta de Lupercal. Fáustulo, um pastor local, os encontra e os cria.
Loba Capitolina. Bronze. Museus Capitolinos, Roma. Existem dúvidas sobre a origem da Loba Capitolina, porém a tradição a atribui a Vulca de Veios. Rômulo e Remo foram adicionados posteriormente, durante o Renascimento. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Loba Capitolina (detalhe). Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Loba Capitolina (detalhe). Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Depois de crescidos, Remo é preso por roubo e conduzido a Alba Longa. Fáustulo então revela a Rômulo a verdade sobre sua origem e este vai salvar o irmão. Rômulo mata Amúlio e devolve o trono a Numitor. Porém, como não teriam espaço em Alba Longa, partem para fundar sua própria cidade, Roma, na colina do Palatino, ou Remoria, na colina do Aventino. Rômulo marcou o espaço sagrado onde seria levantada a muralha de Roma, chamada pomerium, que significa o limite sagrado da cidade de Roma. Ambos os gêmeos se utilizaram da tradição etrusca de auspícios para definir os locais de fundação de suas cidades. Em uma disputa, Remo invade o pomerium, levando Rômulo a mata-lo e todos aqueles que ousassem ultrapassar as fronteiras sagradas de Roma. A fundação mítica de Roma é então estabelecida em 753 a.C., e Rômulo reina como o primeiro rei até 715 a.C. Durante seu reinado, foi formado o Senado com cem Patres, que darão origem à classe dominante dos patrícios. O povo em geral foi chamado de Plebe. Assim, foram chegando os primeiros habitantes, atraídos pelas novas perspectivas e oportunidades.
Cavalier D´Arpino (Giuseppe Cesari): O encontro da Loba. Afresco. 1596. Sala Degli Orazi e Curiazi do Palazzo Senatorio, Museus Capitolinos. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Os romanos são levados a raptar as mulheres sabinas, do reino vizinho, para que eles obtivessem esposas e gerassem os primeiros descendentes. Rômulo, segundo Tito Lívio, permitiu às mulheres liberdade de escolha, dignidade e propriedades, sem nenhum tipo de abuso sexual. Entretanto, Rômulo rapta Hercília, uma sabida casada. Os sabinos, que se preparavam para a retaliação contra Roma, ocupavam um território que se estendia dos Apeninos até uma aldeia na colina do Quirinal, uma das sete colinas de Roma. Rômulo entra em guerra contra o rei sabino Tito Tácio, e após vencê-lo, acaba unificando os territórios que definiram os primeiros grandes limites da cidade de Roma. As mulheres sabinas, já esposas e mães de jovens romanos, foram fundamentais na pacificação. O tema do Rapto das Sabinas será uma constante dentro da história da arte. Rômulo divide a cidade em trinta cúrias e três tribos.
Pietro da Cortona. O Rapto das Sabinas, 1627-29. Museus Capitolinos. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Existem duas versões sobre a morte de Rômulo: a primeira é que teria sido tragado por Marte em uma tempestade, ou atingido por um raio, sendo transformado no deus Quirino. A segunda foi que teria sido morto pelo Senado. Após Rômulo, Roma foi governada por mais seis reis: Numa Pompílio, Tulio Hostílio, Ancus Márcio, Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio Soberbo. Sabe-se que os últimos três reis eram etruscos. Sob os reis, as classes forma divididas entre patrícios e plebeus.
Jacques-Louis David. A intervenção das Sabinas, 1779. Óleo sobre tela, 385 cm x 522 cm. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rapto_das_Sabinas. Acesso em: 04 nov. 2016.
A famosa história da luta entre os Horácios e os Curiácios, retratada por David, em 1784, às vésperas da Revolução Francesa, diz respeito à conquista e derrota de Alba Longa pelos romanos, durante o reinado de Tulio Hostílio. O pretexto da guerra foi o roubo de gado romano por parte do povo albano. Quando os exércitos se alinharam no campo de batalha, Mércio Fufécio, líder de Alba Longa, propôs uma saída pacífica para que ambas as cidades não saíssem enfraquecidas e animassem os demais rivais vizinhos, os etruscos. Eles decidiram enviar campeões de ambos os lados, conforme as antigas tradições, para lutarem entre si e decidirem o destino de todos. Foram escolhidos os irmãos trigêmeos de ambos os lados; os Horácios, de Roma, e os Curiácios, de Alba Longa. Dois Horácios pereceram, e o terceiro conseguiu fugir. Ao perseguir o último Horácio, este consegui matar um dos Curiácios, já que os outros dois estavam impossibilitados de o perseguir devido aos ferimentos. O Horácio retorna e termina com a vida dos Curiácios. Porém, uma irmã Horácia foi prometida em casamento a um dos Curiácios, e ao vê-la em prantos, o guerreiro Horácio mata sua própria irmã, cego de ódio. De herói, passa a criminoso, sendo condenado à morte por açoitamento. Por fim, este consegue o perdão do povo e sobrevive. Alba Longa é destruída e seu povo é exilado. A pintura de David, ícone do movimento neoclássico, apresenta o momento do juramento dos irmãos Horácios diante do pai, Públio Horácio, que juram lealdade à pátria em detrimento de suas próprias vidas e felicidade, em um tom solene e espartano. A tristeza, a desgraça e a orfandade se fazem presentes nas figuras femininas, que lamentam a eminente morte dos esposos ou de sua própria família.
Continue a leitura adquirindo o livro ou e-book completo.