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Tag: cor
Kandinsky
Por Marcelo Albuquerque
Kandinsky foi provavelmente o mestre da Bauhaus mais consistentemente envolvido com o ensino da cor. Ele se juntou a Bauhaus em 1922, tendo também elaborado um detalhado programa de instrução para o reformado Instituto de Cultura Artística de Moscou depois da revolução de 1917. Este programa trouxe um proeminente lugar para a cor, que de acordo com Kandinsky, devia ser investigada no contexto da física, química, da fisiologia, da psicologia, e nas “ciências ocultas” das experiências místicas supra sensoriais gnósticas. Ele desenvolveu seus estudos pioneiros sobre cor acompanhando o perfil psicológico que as cores empreendem nas pessoas. Tomou como princípio o simbolismo da cor, suas relações com a espiritualidade e com a música, além de valorizar e estudar a doutrina de Goethe. Considerado o pai da pintura abstrata, estabeleceu alguns dos principais fundamentos modernos formais, como a expressividade dos materiais, da cor e do gesto. As formas, segundo ele, não necessitavam de uma relação com o mundo natural; elas, por si só, já carregavam em si potencial expressivo. Suas obras teóricas mais conhecidas são Do espiritual na Arte, Curso da Bauhaus e Ponto e Linha Sobre o Plano. A intensidade das cores, comentada por Kandinsky, também nos oferece informações que produzem efeitos psicológicos sobre nós: a expansividade do amarelo, a neutra estabilidade e calma do verde e a retração do azul são percepções que devem ser estudadas e aplicadas no uso profissional das cores na arte e na indústria. Ele desenvolveu na Bauhaus seu Seminário e Curso de Cor no contexto de um workshop de pintura mural, que assumiu de Schlemmer em sua chegada. Sua teoria viria a se tornar um símbolo da Bauhaus, representando também a utopia da escola baseada na concepção dos elementos primários como unidade perdida a ser resgatada (Jardim de Infância). Dessa forma, a partir de seus estudos em Moscou, Kandinsky propôs uma “tradução” (correspondências) entre formas geométricas, cor, música, intuição espiritual e percepção. De acordo com Argan, um primeiro passo para a desfiguração está nas Correspondences de Mallarmé, que havia procurado traduzir, por símbolos gráficos e cromáticos, estados emotivos independentes das sensações visuais, por exemplo, harmonias musicais e ritmos poéticos, momentos ou tensões espirituais[1].
Kandinsky: Abstrato (Naïf) (detalhe). 1916. Óleo sobre tela. Museu de Artes A. V. Lunachársky, Rússia. Em exposição no CCBB-BH. Foto: Marcelo Albuquerque, 2016.
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Johannes Itten
Por Marcelo Albuquerque
Johannes Itten usou o esquema do curso preliminar da Bauhaus em sua escola particular em Viena, entre 1916 e 1918. Ele desenvolveu uma concisa pesquisa da aplicação das cores nas artes plásticas como professor-pesquisador e como artista. Seus principais livros são The Art of Color e The Elements of Color. Segundo Itten (tradução), “(…) Muitos dos meus alunos me ajudaram a encontrar materiais com os quais construir, e estou profundamente grato a eles (ITTEN, 1970, p.11)”. Para Itten, o estudo da cor é fundamentalmente subjetivo e empírico, principalmente na formação de um artista. A descoberta e estudo da cor podem apresentar uma condição intuitiva, não acadêmica, e outra acadêmica e científica, que podem se complementarem de acordo com fatores pessoais e individuais. De acordo com Itten (tradução):
(…) Os alunos muitas vezes perguntam, e minha resposta é sempre a mesma: “Se você, sem saber, é capaz de criar obras de arte em cores, então o não-conhecimento é o seu caminho. Mas se você é incapaz de criar obras-primas com a cor fora do seu não-conhecimento, então você deve olhar para o conhecimento.”
Doutrinas e teorias são melhores para os momentos mais fracos. Em momentos de força, os problemas são resolvidos de forma intuitiva, por si mesmos.
O estudo minucioso dos grandes mestres coloristas me convenceu tão firmemente de que todos eles possuíam uma ciência da cor. Para mim, as teorias de Goethe, Runge, Bezold, Chevreul e Hözel foram inestimáveis (ITTEN, 1970, p.11).
Disco de primárias, secundárias e terciarias de Johannes Itten. Fonte: Wikimedia Commons (domínio público).
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Pós-impressionismo e a questão das cores
Por Marcelo Albuquerque
Foi no modernismo, definido aqui aproximadamente do Impressionismo até a segunda metade do século XX, que a cor alcançou formalmente uma elevação hierárquica em relação à tradição da disputa entre o desenho e a cor. Aparentemente percebe-se, com o triunfo do Impressionismo e Neoimpressionismo, visto anteriormente, que essa disputa se tornou obsoleta. Entretanto, a querela se apresenta, mesmo que veladamente, nos discursos e argumentos de artistas que teorizaram e aplicaram na prática suas pesquisas cromáticas, como os Pós-impressionistas, Matisse, Kandinsky, Itten, os Orfistas e, mais adiante, Klein e os Minimalistas. O Pós-impressionismo não foi um movimento coerente, mas um termo amplo, cunhado pelo crítico Roger Fry em 1910. Fry entendia o termo como a arte que brotava do Impressionismo ou que a ele reagia, dos impressionistas até os fauves. Atualmente, o termo é melhor associado a quatro grandes nomes: Vincent van Gogh, Toulouse Lautrec, Paul Gauguin e Paul Cézanne.

Paul Cézanne: No parque de Château Noir, 1898-1900. Óleo sobre tela. Acervo do Museu de l’Orangerie, em exposição no CCBB-SP. Foto: Marcelo Albuquerque, 2016.
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Cor e os tratados do Renascimento
Por Marcelo Albuquerque
O arquiteto e humanista Leon Battista Alberti e o escultor Lorenzo Ghiberti avançaram para uma teoria artística mais elaborada na distinção de várias facetas do processo artístico. Ghiberti produziu sérias pesquisas no campo da ótica, no comportamento da luz em diversas circunstâncias e nas inter-relações do olho e cérebro na percepção. Cennini se concentra na oficina de receitas e preceitos técnicos das cores e tintas. Segundo Leon Kossovitch, o texto de Alberti é o primeiro na literatura artística a constituir a pintura como objeto de teoria e doutrina sistematizadas, montando seu discurso com geometria e retórica (artes liberais)[1]. De acordo com Kossovitch, as cores são pouco desenvolvidas em Alberti, assim como nos autores do séc. XVI em geral, tornando-se objeto de discussão mais aprofundado no século seguinte. Reconhece a presença, no Quattrocento, da distinção pliniana de cores austeras e floridas, as relações de composição entre as cores e os preceitos de substituição do ouro bizantino pelas tintas[2]. Alberti dividiu a pintura em três partes: circunscrição (desenho das formas), composição e “recepção das luzes” (receptio luminum), que inclui a cor. As cores, para Alberti, variam em razão da luz. Branco e preto expressam luz e sombra, e todas as outras cores variam de acordo com a luz e sombra aplicadas nelas. Mas não são cores verdadeiras, e sim moderadoras das outras cores, formando espécies. As cores primárias seriam quatro, associadas aos quatro elementos: vermelho (fogo), azul (ar), verde (água) e cinza (terra). Todas as outras seriam misturas dessas. Os cinzas são entendidos como as cores e detritos da terra, sendo eles a chave para a coerência tonal de uma composição[3]. Ele preocupou-se em desenvolver os elementos cognoscíveis da perspectiva aérea e exigia que o pintor fosse culto nas artes liberais, estudasse os poetas, os gestos, as expressões e os movimentos do corpo humano[4].

Cores primárias de Alberti e sua relação com os quatro elementos. Marcelo Albuquerque, 2013.

Cores primárias de Leonardo, de acordo com Pedrosa. Marcelo Albuquerque, 2013.
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Protegido: A questão das cores na Antiguidade Clássica
Livros e E-books de Marcelo Albuquerque
Roma: para artistas, arquitetos e viajantes

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Cor: fundamentos artísticos e estéticos nas artes plásticas

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