Por Marcelo Albuquerque
A cor e o espaço são associados com veemência na contemporaneidade, mas na cultura ocidental percebe-se uma tradição de longa data, como ocorreu nas catedrais medievais. A associação cor-espaço está fecunda nas artes plásticas e na arquitetura contemporânea, e as obras definidas como instalações representam efetivamente essa ideia. Basta recordamos a Teofania da luz medieval, vista anteriormente (Idade Média, Teologia e metafísica da cor). E o quanto podemos pensar na utilização da luz na arte contemporânea, com as novas tecnologias? James Turrell constrói obras que dependem do comportamento do olho humano, como afirma Gage[1]. O espectador encontra uma parede de luz colorida em um ambiente escuro, e a cor se forma de acordo com a progressão da adaptação visual do olho no ambiente. É possível traçar um paralelo de sua obra contemporânea com os vitrais góticos, à medida em que enxergamos a cor como uma manifestação e, mesmo ainda dependendo de uma forma para se manifestar, sua manifestação plena não a obrigada necessariamente a se vincular à forma. Também é possível perceber nas obras e nos textos dos minimalistas a manifestação da cor no espaço. Turrell permite uma sensível profundidade de cor “imaterial” na qual o espectador é colocado à sua própria percepção. De forma semelhante, Olafur Eliasson trabalha ambientes nevoados onde a cor também se apresenta desmaterializada, libertada de um eventual suporte e dos pigmentos da pintura tradicional, para se reconhecer como fenômeno, ainda mesmo que os artistas se remetam à tradição pictórica. O corpo parece perder sua presença e consistência.