
Por Marcelo Albuquerque
Inicialmente a arquitetura grega e etrusca era executada em madeira, tendo sido substituída pela pedra calcária (particularmente o mármore) a partir dos finais do século VII a.C. Segundo Summerson, como vimos anteriormente (As ordens e os conceitos gerais da linguagem clássica), é quase certo que a ordem dórica se originou de um tipo primitivo de construção em madeira, e quem nos diz isso é Vitrúvio. De fato, vemos na ordem dórica a representação em pedra da ordem dórica em madeira, um equivalente escultórico não literal. As formas da carpintaria, de alguma maneira, devem ter se tornados sagradas para persistirem na sua representação em pedra. Também foi comentado sobre a escolha das ordens, de acordo com a função do edifício, Vitrúvio deixa registrado que o dórico se associa ao masculino, o jônico ao feminino e o coríntio às virginais, porém constata-se que isso não foi uma regra rígida na antiga Roma. O tratadista Serlio recomenda que a ordem dórica seja usada em templos de santos mais extrovertidos e figuras combativas em geral; a jônica para santos tranquilos, nem muito fortes nem muito suaves, e homens de saber; e a coríntia para virgens, em especial a Virgem Maria. A ordem coríntia também é associada à abundância, ao luxo e à opulência. A toscana seria adequada para fortificações e edifícios robustos e fortes[1]. Em relação ao espaçamento das colunas, os romanos estabeleceram cinco tipos de intercolúnios, descritos por Vitrúvio, além dos desdobramentos desenvolvidos no Renascimento, como as colunas em pares com os pares espaçados, colunas espaçadas em ritmos estreito-largo-estreito dos arcos triunfais, e a associação rítmica de pilastra, coluna e meia-coluna, como se vê na fachada de Maderno na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Sobre os templos romanos, estes possuem elementos derivados dos etruscos e dos gregos. São habitações das divindades, onde se realizavam os auspícios, reuniões de membros do governo e guarda de tesouros públicos. Não se realizam reuniões de orações abertas e públicas, como se faz nas religiões cristãs e muçulmana, e a muitos templos só era permitida a entrada de altos sacerdotes e iniciados, ficando o grosso da população a fazer seus ritos do lado externo, assim como os gregos. Como aponta Gombrich sobre a arquitetura grega, valendo também para os romanos, embora alguns desses templos sejam vastos e imponentes, eles não atingem as colossais dimensões das construções egípcias, provavelmente porque os gregos e romanos (até a república) não tinham um governante divino que pudesse empreender construções colossais, como as pirâmides. Eram edifícios feitos por homens para homens[2]. As plantas arquitetônicas são diversas e possuem várias formas, e são descendentes dos etruscos e dos gregos. A planta típica geral, para os templos de partido retangular, possuía a naos (cella) interna, o recinto que continha a imagem da divindade, e o pórtico, chamado de pronaos. Os grandes templos possuíam uma colunata que envolvia todo o prédio, chamado de peristilo, sendo o edifício denominado períptero. Alguns edifícios possuíam colunatas duplas e até triplas. Segue abaixo algumas nomenclaturas das tipologias templárias:
Naos: O núcleo do templo grego (recinto onde ficava a imagem da divindade)
Pronau: átrio com colunas e coberto.
Próstilo: colunas em uma das frentes.
Anfipróstilo: colunas na parte posterior e anterior.
In antis: uma anta se refere aos pilares em cada lado de um pórtico de um templo grego, prolongando ligeiramente as paredes da naos, com função estrutural. Possui sua variação espelhada, conhecida como duplo in antis.
Tesouro Ateniense: exemplo de In Antis. À direita, Templo de Athena Nike, na Acrópole de Atenas, exemplo de duplo in antis. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Athenian_Treasury. https://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Atena_NiceAcesso em: 20 jan. 2017.
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