
Por Marcelo Albuquerque
Acredita-se que a posição social das mulheres etruscas era superior às mulheres gregas e latinas. A escultura tumular, assim como a pintura em túmulos, evidencia essa posição privilegiada. O sarcófago etrusco de Cerveteri, c. 520 a.C., um dos mais belos exemplos da arte tumular, apresenta as características estilísticas arcaicas dos etruscos, assemelhando-se em muitos pontos com a escultura do período arcaico grego (650 a 480 a.C.).


Detalhes do Sarcófago etrusco de Cerveteri, 520 a.C., Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.


Detalhes do Sarcófago etrusco de Cerveteri, 520 a.C., Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
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Sarcófago etrusco de senhora etrusca. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Vulca, o grande escultor natural de Veios, foi o único cujo nome foi registrado pela história. Trabalhou em Roma no tempo de Tarquínio, o Soberbo, o último rei de Roma. Suas obras, incluindo uma famosa imagem de Júpiter, adornavam o templo de Jupiter Optimus Maximus no monte do Capitólio. Atualmente, os alicerces do templo estão em exposição nos interiores dos Museus Capitolinos.

Maquete da Roma Antiga, nos Museus Capitolinos, nos tempos da monarquia. À esquerda vemos o grande templo de Jupiter Optimus Maximus, no Monte Capitolino, e à direita o Monte Palatino. Abaixo do Capitolino, o Fórum Boário. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Atribuídos a Vulca, o grupo de Apolo de Veios, com Hércules e Latona, do século VI a.C., apresenta influências gregas arcaicas, porém com um movimento vivo e elegante estranho ao período arcaico grego, de natureza estática. Formavam um grupo dramático representando a disputa de Apolo com Hércules pela corça sagrada, na presença de outras divindades. A estátua de Apolo tinha a face vermelha, e se tornou tão famosa entre os romanos que desde então todos os generais, ao entrarem em triunfo na cidade, depois de alguma vitória militar, também pintavam o rosto daquela cor. Vulca foi descrito por Plínio, que disse que suas estátuas eram as mais belas de seu tempo.


Atribuído a Vulca: Apolo move-se em direção à Hercules na disputa para a posse da corça com os chifres de ouro, sagrado para sua irmã Diana. A estátua localizava-se no cume do telhado. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.


Atribuído a Vulca: Latona com o pequeno Apolo nos braços fugindo da serpete Piton. Terracota policromada. 510-550 a.C. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Latona era uma titânide, filha de Febe e Céos, e mãe de Apolo e Diana, e sua iconografia a apresenta protegendo os seus filhos, por causa da serpente Píton. Foi uma das amantes de Júpiter, com quem teve os gêmeos. Era a titã do anoitecer, deusa da maternidade e protetora das crianças. Sua iconografia sugere que ela também era uma deusa da modéstia. Quando engravidou, teve que fugir da ira de Juno, mulher de Júpiter, que tinha pedido a Gaia que não cedesse lugar na terra para que ela pudesse dar à luz seus filhos. Para dar a luz às crianças na ilha de Delos, seu refúgio, ela teve que fugir da serpente Píton, que Apolo enfrentaria mais tarde.

Centauro de Vulci. 580 a.C. Esculturas em terracota. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.

Jovem cavalgando um monstro marinho, parte de decoração de um templo de Vulci. Esculturas em terracota. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Quando os etruscos entram em contato com o “estilo internacional” helênico grego, as esculturas adquirem feições cosmopolitas, afastando-se do arcaísmo tradicional, visto nas figuras de Apolo e Latona, atribuídas a Vulca. Floresce a tradição de retratos heroicos e mitológicos replicados e disseminados através da circulação de modelos, ampliando os trabalhos em série, seja a partir dos moldes ou dos modelos.


Fragmentos de terracota do período helenístico. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.


Busto de Apolo em terracota do período helenístico, ao estilo de Alexandre, o Grande, de Lisipo. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
Entre os curiosos objetos ritualísticos em terracota, destacam-se os órgãos sexuais, como úteros, vaginas, falos e seios.

Placas de terracota em forma de útero. A de número 45 é dedicada a Vei-Demetra. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.

Vaginas de terracota votivas. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.

Mamilo e falo de terracota votivos. Museu Nacional de Villa Giulia, Roma. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
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